Apresentadas pela primeira vez na década de 60 do século V a.C., "Suplicantes" é a primeira de três tragédias que Ésquilo dedicou à saga das Danaides, trilogia da qual fariam parte os dramas perdidos "Egípcios" e "Danaides". As cinquenta filhas de Dânao, posto que as desejam para casar os cinquenta primos, filhos de Egito, fogem do Nilo onde habitam para pedir asilo político e religioso em Argos. Perante o rei dessa terra, portanto, suplicam por proteção, apresentando como argumento maior a descendência de ambos de uma mesma mulher, Io, num passado mitológico ainda mais remoto.
Bárbaras, chegam a uma terra que dizem ser a sua, mas quem as vê não consegue identificá-las como gregas. Apátridas, apavoradas pela hoste masculina de inimigos que sabe vir no seu encalce, este grupo procura nos altares dos deuses da nova cidade um refúgio que grego algum pode recusar. E os primos, “falcões no encalce das pombas de semelhante plumagem”, chegam ávidos de sangue e vingança. No ar fica, para Gregos e Egípcios, a promessa de uma guerra pela posse das jovens. O sangue derramado, no campo de batalha e nos leitos nupciais nos quais havia de consumar-se o himeneu, fica desde cedo tragicamente indiciado.
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